domingo, 19 de setembro de 2010

A BORBOLETA E A CHAMA (FÁBULA)


Uma borboleta multicor estava voando na escuridão da noite quando viu, ao longe, uma luz. Imediatamente voou naquela direção e, ao se aproximar da chama pôs-se, a rodeá-la, olhando-a maravilhada.
Como era bonita!
Não satisfeita em admirá-la, a borboleta resolveu fazer o mesmo que fazia com as flores perfumadas.
Afastou-se e, em seguida, voou em direção à chama fascinante e passou rente a ela.
Viu-se subtamente caída, estonteada pela luz e muito surpresa ao verificar que as pontas de suas asas estavam chamuscadas.
– Que aconteceu comigo? pensou ela. Mas, não conseguiu entender. Era impossível crer que uma coisa tão bonita quanto uma chama pudesse causar-lhe algum mal.
E assim, depois de juntar um pouco de forças, sacudiu as asas e levantou vôo novamente.
Rodeou em círculo e, mais uma vez, dirigiu-se para a chama pretendendo pousar sobre ela. E imediatamente caiu, queimada, no óleo que alimentava a brilhante e pequenina chama.
– Maldita luz, murmurou a borboleta agonizante, – pensei que ia encontrar em você a felicidade e, em vez disso, encontrei a morte.
Arrependo-me desse tolo desejo, pois compreendi, tarde demais, para minha infelicidade, o quanto você é perigosa!
– Pobre borboleta, respondeu a chama: eu não sou o sol, como você tolamente pensou.
Sou apenas uma luz...
E aqueles que não conseguirem aproximar-se de mim com cautela, serão queimados!
Esta fábula é dedicada a aqueles que, como a borboleta, são atraídos pela beleza exterior, desprezando a verdade interior. Então, quando percebem o que perderam, já é tarde demais!

Do livro de Bruno Nardini, “Leonardo da Vinci, Fábulas e Lendas” – traduzidas do dialeto toscano)